sábado, 23 de fevereiro de 2008

Sonhos... Realidades...

Sentia-me aliviada por ter encontrado um lugar de terra firme... Afinal passar dias a fio em alto mar perdida, solitária, não tinha sido uma experiência meramente agradável. Estava em uma ilha que parecia nunca ter sido visitada por humanos, como se fosse um pedacinho oculto em uma imensidão de vida. Ela era impecável, maravilhosa. Tinha uma areia fofa de cor super branca... Deslizavam sobre meus pés, imergindo-os em um confortável tapete. As árvores eram demasiadamente grandes e tinham tons fortes de verde. As águas eram azuis, claras e límpidas que reluziam cores, esverdeadas e quentes, ao espaço devido aos raios brilhantes do Sol; um arco-íris tocável. Os sons eram incríveis, uma mistura de pássaros cantando alegremente ao vento, as ondas colidindo com rochas negras e robustas no mar, o chocalhar das folhas, enfim... Porém se reparasse por trás de todos os lindos sons, o silêncio invadia meus tímpanos. Era um silêncio absoluto, uma calmaria extrema, um vazio, um nada.
Olhei ao meu redor e fiquei espantada ao ver o tamanho daquele acumulo de terra perdido no oceano. Era como se cada um dos meus passos nas partículas rochosas sob meus pés, fossem minúsculos furinhos imperceptíveis meio a uma grandeza. Adentrei na mata, vasculhando sem saber o que queria. Logo me encontrava em uma trilha natural e estreita, seguindo-a como se fosse meu guia. Galhos e espinhos laminosos cortavam minha pele. Quanto mais eu prosseguia, mais escuro ficava. As copas das árvores tapavam o Sol a medida que chegava ao coração da ilha. Os ruídos tornavam-se assustadores, gemidos da natureza arrepiavam-me. Num piscar de olhos, a trilha desapareceu num espantoso clarão que, por frações de segundos, cegou-me. Quando retomei a visão, eu estava em um espaço aberto, como se fosse uma falha na floresta, rodeado pelas maiores árvores que tinha visto até aquela hora. Lembravam-me seguranças esperando algum intrometimento. Ali, havia imensas tartarugas que se arrastavam sobre o chão úmido, umas entre as outras, como se nada pudesse as impedir. As maiores deveriam ter pouco mais de 1,5 metro de comprimento e cerca de 1 metro de largura. Eram como monstros gigantes escondidos sob árvores guardiãs; seres sagrados preservando sua exuberância ao mundo.
Fiquei observando o entardecer na beira de um lago prodigioso que encontrei um pouco mais à frente - depois da barreira das árvores - meio a um campo aberto. O negro do céu azul vinha chegando descolorindo toda a água reluzente de multicores. Uma paisagem esplendida de águas cintilantes. Pude ver uma família de um tipo de ave aglomerados em seus bandos, emitindo belas melodias. Saciei a minha sede que era como fogo desidratando cada parte do meu corpo. Dei alguns mergulhos no imenso lago, refrescando o calor de meu corpo e, ao mesmo tempo, tomando-me pelo frio. Com os olhos fechados, imersa nas próprias fantasias deixei-me cair à margem do lago e olhei para o céu estrelado. Nunca tinha o visto assim. Pensei nas coisas belas da minha vida, nas coisas que nunca tinha tido tempo de apreciar. Passei horas a fio mergulhada em pensamentos, então adormeci.
Ao despertar, me dei conta de que tudo ia sumindo vagarosamente, estava ficando tudo distante, como se as imagens fugissem de mim. Então o sinal tocou indicando a próxima aula e percebi que tudo aquilo era um sonho. As belas imagens da magnífica ilha ao oceano, reproduziam-se defrontes meus olhos. Levantei-me, e voltei para a realidade...


Imagem: Nuno Rodrigues – Mar de fadas

14 comentários:

Anônimo disse...

O que dizer desse sonho ou uma fração de realidade?

Pareceu-me estar dentro da sua visão e para mim foi muito real sentir-me parte da sua natureza!

Beijinhos,filha querida!

Ricardo Rayol disse...

Eu "viajo" para lugares muito loucos quando estou entediado. O teu pelo menos é paradisíaco.

Cadinho RoCo disse...

O lago, você, as tartarugas, suas palavras, as árvores, seu sentir nas sombras dos seus sonhos, a ilha, seu mergulho no oceano que traz a próxima aula para a praia da realidade. Agora o que faço com o que fez ao trazer-me para esta ilha?
Cadinho RoCo

Anônimo disse...

Oi Giu,

nossa que belo sonho voce teve, nesse momento havia algo mais interessante dentro de vc que merecia ganhar voz do que uma aula provavelmente chata... Tambem viajo as vezes, para um mundo so meu, onde a perfeicao que procuro esta nas pequenas coisas, que tornam o lugar em que vivemos explendido nem que seja por alguns minutos!!


Queria te mandar uma foto da Ilha de Rapanui, acho que ilustra um pouco dos seus sonhos, sem falar na cultura, nas pessoas, a magia do lugar... Incrivel!!!

A gente se fala... Fica bem...

Muitos beijos pra vc!!!

allanguildermann@yahoo.com

Oliver Pickwick disse...

Tiveste o seu dia de Robinson Crusoé e, por uns instantes achei que estava naquela ilha do seriado Lost.
Agora, aqui entre nós, trocar um paraíso destes por uma aula de química, hein?
Beijos, prezada amiga!

Anônimo disse...

Giulia,


Mas me parece que você, quando volta para a realidade, traz o sonho dentro de si!


Abraços, flores, estrelas...

Vicktor Reis disse...

Querida Giulia
Pela mão da Claudinha aqui cheguei e fiquei deveras encantado.
Senti a beleza de tuas palavras que me encantaram.
Beijinho.

Mari disse...

Oi,linda
Coincididentemente também tive um belo sonho esta semana...contei até no meu blog tb..não com tanta poesia e riqueza de detalhes como vc..rs
Adoro vir aqui!Ouvir Ênia e ler seus textos!
Bjs

Anônimo disse...

belo sonho que nas palavras descreve vontades e perde-se na ilha do prazer e no ilheu de ler pedaços de sonho aconchegados na sorte de conhecer as palavras como grãos de areia!

Adorei!!!

Fernando Santos (Chana) disse...

Olá Giulia, gostei muito do texto, grande imaginação,boa imagem...O sonho comanda a vida !
Beijos

Anônimo disse...

"Quem puxa aos seus, não degenera!"
Lindo blog!
Parabéns.

Márcia disse...

E quem garante que era um sonho?
Parece uma linda visão de desejo que logo irá realizar
dias cristalinos,flor
beijos

fgiucich disse...

Aquí vengo a conocerte y dejar un saludo. Volveré. Abrazos.

Alessandra Espínola disse...

suspende-me daqui, suas palavras são pássaros álacres revoando nossos céus! beijos, lindona!